25 de mar. de 2010

Chuva pesada


Sentado em uma coluna perto de um grande edifício, bebendo uma boa cerveja e olhando para o céu, percebe que o mesmo não pode ser visto, as nuvens à estão cobrindo de uma maneira cinzenta e nebulosa que mais parece um clima chuvoso. Após horas contemplando o nada, se dispôs a levantar e caminhar. A cada passo dado, um olhar para o oceano da multidão, a cada virada de pescoço, vê naqueles que não conhece rosto familiares dispostos a lhe contar algo que você ainda não saiba da vida, que faz descer a lembranças longicuoas que, aparentemente não estavam lá mas, só aparentemente. Caminhar e pensar no amanhã que possa não existir, é transmitido através de um comportamento simples de coçar a barba mal feita, deixada de lado como diversas outras coisas, que o leva até um táxi mais próximo de você, derrepente a chuva cai. Uma tempestade cai incessantemente e nenhum movimento voluntário de cobrir-se é dado, então o Taxista pergunta: - Vai ficar parado o dia todo ai enquanto se molha, ou vai entra? Rápido, assim não molha tanto o banco. Mas uma fria afirmação é dita: -Não obrigado, eu vou a pé. De maneira estranha, é acatado a decisão, e o caminho até então sem sentido continua.

Com um sobretudo totalmente encharcado, se dispôs a joga-lo em uma viela qualquer, e continua sua rota até chegar a uma casa, com a chuva ainda a persegui-lo implacavelmente. Ao se deparar com a casa, com uma expressão morta e meia triste no rosto, olha profundamente, como se a arrancasse de seu lugar e a levasse para um confim qualquer, uma lágrima cai imperceptivelmente do seu rosto, já que ela se mistura junto as intensas gotas que caem, então continua a andar.

Chegando próximo a um Park perto do mar, é notório que nem os pombos aparecem para uma refeição tradicional, como já está de costume, não se importa e senta próximo a um mendigo que tenta se abrigar em baixo de papelões húmidos e frios, frente a longicua e incomparavel vastidão do Park que está praticamente vazio. O senhor que reside nessa "cabana" de papel interroga por que diabos alguém estaria naquele lugar que não foce alguém como ele. Olhando friamente para o tal homem, uma frase é dita:- Eu sou como você. Então á uma indagação: - Como pode ser como eu, que pelo que vejo, mesmo estando todo molhado parece ser de uma boa família e ter uma condição financeira agradável? Não vejo sentido de estares aqui comigo, se é que realmente quer está ao lado de um mendigo. Em um momento de pausa, é proclamada uma explicação: Deixe me conta uma coisa, será que me permite? O rapaz então curioso o permite dizer. Eu estava debaixo de um edifício, que até o derradeiro momento era meu, mas o perdi para aqueles que considerava amigo, olhei para um táxi onde vi somente o interesse de um velho homem em ganhar uns trocados, vi uma casa que achava que era minha mas, pertecinha a família que criei por interesses comerciais e estéticos, onde nunca me senti em casa, senti a chuva que nunca quis sentir por sempre está em meu carro ou não pensar que não tinha importância, vim ao Park que sempre sonhei levar a mulher que um dia amei até aqui, mas nunca pude, por sempre está ocupado trabalhando e conseguindo meu jogo de influencia, onde me deparo com uma pessoa que está na mesma situação que eu, pobre, desamparado e sem ninguém de especial. Ao ouvir essa historia o mendigo pensa que poderia dizer que agora ele tem um companheiro mas, rapidamente é dita outras palavras: Mas me sinto livre, e percebo que ninguém mais me questionará e exigirá de mim e quem sabe agora eu possa recomeçar a vida que eu nunca tive, ao lado de alguém que conhece a dor do jeito que conheço, só que do jeito mais extremo da vida. Enquanto você não teve nada de concreto eu sempre me enganei achando que também tinha alguma coisa.

A Chuva parece não terminar em mais um dia da grande cidade cinza...

Resto do Post

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