29 de mar. de 2011

Prelúdio, A estação -1

Quente como o calor que paira sobre o deserto, ou simplesmente algo próximo do nordeste brasileiro, o dia nascia. Caminhos intermináveis até a estação, que naturalmente parecia está bem perto daqui. Vento na cara, suor escorrendo pelo rosto, esse é o clima da metrópole, mas nada que um ar condicionado possa reparar, e como faz falta em um momento desse.

Subindo até estação, encontro a velha rotina de sempre; engraçado como isso me lembra muito a vida rotineira do Japão, mesmo nunca estando lá para conferir a veracidade do fato, mas me guio pelo o que vejo. Estou ansioso, ela vai chegar em instantes, mas espero que nada seja uma ilusão, Douglas já me ligou inúmeras vezes para comparecer a uma reunião, só que nesse momento nada é mais importante que encontrar ela.

Após uns 15 minutos de viagem, me deparo com algo inusitado. O trem para subitamente, parece que aconteceu um acidente. Curioso como qualquer cidadão, vou tentar ver o que aconteceu e ficar a par da situação. Passando pelo mar de pessoas a minha volta, me esbarro em uma mulher que aparentemente está encostada perto da porta que dá saída ao próximo vagão. Não pude deixar de repara nas características delicadas porém de fortes traços estéticos, ela aparentava ter estilo, só que deixei isso pra lá, foi só uma observação e me dirigir ao caminho traçado a fim de suprir minhas necessidades curiosas.

Chegando lá, havia uma enorme aglomeração mas nenhum alvoroço, achei estranho já que isso é algo incomum de se ver. Quando percebi, nada havia acontecido. Não quis saber o por que mas tentei voltar para o meu vagão e me dá conta de que estava ficando atrasado para o encontro, odeio fazer os outros esperarem. Nisso alguém me segura pelo braço e estranhamente me olha nos olhos, como se fosse devorar minhas entranhas apenas com o que seu rosto apresentava a mim, me esforcei e sai do lugar, todos pareciam bem estranhos, como se conspirassem juntos contra mim. Foi então no momento que abri a porta a garota estava lá, mas impedindo minha passagem pela mesma, olhei para os lados e tudo parecia muito estranho, um ar de suspense e confusão pairava sobre mim.

Quando percebo meu celular toca, e tudo voltar em um lampejo como se nada tivesse acontecido, parece que estava sonhando e não percebi, era ela me ligando.

Estava atrasado 15 minutos foi o que ela me falo, e que já era hora deu está lá, por que já estava preocupada; olhei para os lados e só eu estava na estação, então rapidamente me levantei e sai. Nossa, que sensação estranha, parecia tudo muito real até o momento, corri logo para o taxi mais próximo sem me dá conta de imediato que a mesma mulher que estava nessa ilusão que parecia muito um sonho, ficava do outro lado da pilastra da estação, de cabeça baixa e ouvindo alguma musica. Não tenho tempo para pensar e associar isso, tenho que correr.

14 de mar. de 2011

Mundo virtual, -0

Ano 2023, dia 14 de agosto, em uma hora qualquer. Plena sexta e eu aqui, preso na tela de um computador, coisa entediante e pacata. Chove muito, des que as catástrofes começaram a acontecer por esse lado do mundo; lembro-me uma vez quando tinha 20 anos que um dia tudo isso poderia acontecer, mas não poderia fazer nada a respeito, assim como a maioria das coisas da minha época, não fui um revolucionário, apenas queria ganhar meu dinheiro e viver minha vida. Muita coisa não mudou de certa forma de uns tempos pra cá, já que eu vivia esse contexto muito antes dele ser assimilado como padrão por 90% das sociedades globais.

O Brasil não é mais o mesmo, sempre disse a mim mesmo, a educação vai ruir esse pais, e foi o que aconteceu. Duas guerras civis, uma na região nordeste e uma no coração do Rio de Janeiro, o impasse econômico e a disparidade da sociedade só culminaram no que já estava para acontecer, se você tivesse a visão além da massa, no mínimo que fosse, você veria. Bem, o mar destruiu tudo que se tem noção de litoral, foi um choque pra minha mãe vê as coisas serem destruídas em questões de minutos, o que normalmente levaria tempo; o mau do brasileiro, acho eu, estaria no se acostumar e aceitar as coisas, devido a seus processos lentos e desgastantes, quando assim acontece poderia então ser muito impactante. Bem, foi ai que me mudei para cá, interior de São Paulo, próximo de uma das maiores megalópoles dos blocos econômicos.

Trabalho, é algo bem excessivo, mas com um determinado "conforto", já que as tecnologias, principalmente os gadgets, se tornaram simbiose nessa geração.

Isso é muito nostálgico e incrível ao mesmo tempo, só de pensar que tudo isso volta a mente apenas nos únicos momentos que não estou produzindo, em casa, ao lado da chuva. Eu me lembro da faculdade, quando os contextos virtuais iriam dominar praticamente tudo e novos ciclos e formas de expansão do relacionamento humano iriam acontecer e não regrediriam mais, em pensar que tudo isso começou do ponto mais inocente de todos, os jogos eletrônicos.

Querida, me desculpe por esse longo devaneio, mas eu precisava expor isso alguém. Sabe, é difícil conversar com alguém que não seja um cliente seu precisando de ajuda por problemas relacionados a uma das suas maiores paixões, a tecnologia; ainda mais quando a maioria das pessoas estão conectadas e interagindo no mundo das idéias, como diria o filosofo e minha professora na época de faculdade. Praticidade e objetividade as vezes deixa fugir detalhes, por isso eu tive que falar a respeito.

Espero te encontrar ao lado do parque , perto da Apple store Brasil, para o nosso primeiro encontro real, você deve está cansada ao receber esse email, já que do Japão para cá leva uns exaustivos 20 min. Se cuida e espero por você.

Beijos do seu amor, com carinho.

5 de mar. de 2011

Por que você não pode me olhar nos olhos uma ultima vez?

1... 2... 2... 3... Fora de controle e além da percepção você me diz adeus. A única percepção que sobrou foi alguém chamando meu nome, que eu não sei ao certo se foi alguém. Na linha da loucura e do paraíso, uma ultima vez eu vejo seu rosto. Lagrimas são banais e evitáveis, já que o mais importante e contemplar em preto e branco, a arma engatilhando em direção ao ato, um ato aniquilador e suicida. Você poderia ter me matado quando teve a chance, quando tudo estava lindo como um cristal e frágil como um vidro. Por que você foi embora?

As sombras dos espíritos de amigos do passado me assombram, só por que todos me avisaram, que aquilo seria o precipício que eu cairia em algum momento. Cartas, emoções, delírios, precipitações, afeto... Quando tudo é emoção, o romantismo se torna algo doentio, e a melodia é a poesia mais triste. Um tiro de agonia, que poderia ser um mergulho de prazer, tudo por que você me deixou sem um ultimo adeus, sem um ultimo olhar, sem a ultima dose de pontecialidade.

Engraçado, já que tudo isso poderia ser jogado em você, mas mesmo eu sendo individualista, um lado samaritano aflora, e me odeio por isso.

Melodrama, tristeza, emoção. Tudo pela sua indiferença vil e cruel, que não me olha mais como antes, sem nenhuma arma de defesa ou resposta.

Seus olhos são profundos e intrigantes, mas a perda dessa memorável sensação parece que vai além do que posso compreender. A ultima cartada, o ultimo olhar, a ultima visão dos olhos que comeram o meu coração, a visão; tudo acabou.

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